Durante muito tempo, o funil de marketing serviu como mapa mental: primeiro geramos consciência, depois consideração, e por fim a compra. O problema é que as pessoas não se comportam assim. Elas pulam de um vídeo para um review, do feed para a loja, da busca para o carrinho — e voltam quando são impactadas por algo novo.

O Mapa de Influências nasce para lidar com essa realidade. Em vez de forçar todos a percorrem etapas rígidas, o método ajuda você a descobrir onde a decisão realmente muda e a investir nesses pontos. O foco deixa de ser “empurrar no funil” e passa a ser “aumentar a influência nos momentos que importam”.
Neste artigo, você vai entender os 4S (Streaming, Scrolling, Searching, Shopping) com exemplos rápidos e um passo a passo para montar seu Mapa de Influências. Trago tabelas prontas, mini-cases e métricas simples para medir impacto — mais um roadmap de 90 dias para colocar em prática hoje.
Sem tempo? Confira um resumo rápido:
- O que é: O Mapa de Influência chega para complementar o funil de marketing, ajudando a entender onde a comunicação realmente muda a decisão do cliente.
- Como funciona: O método analisa quatro momentos do comportamento digital — Streaming, Scrolling, Searching e Shopping — avaliando onde a marca gera mais atenção, relevância e confiança (ARC).
- Por que é importante: As jornadas deixaram de ser lineares. As pessoas alternam entre vídeo, feed, busca e compra, e o mapa mostra onde investir para aumentar a influência nos momentos que importam.
- Diferencial: Em vez de medir apenas alcance ou conversão, o Mapa de Influência revela os pontos que realmente movem o cliente — guiando decisões mais estratégicas e eficientes.
O que é um Mapa de Influências (e por que o funil falha)
Mapa de Influência é um jeito simples de decidir onde sua comunicação realmente muda a escolha do cliente.
Em vez de pensar em “topo–meio–fundo” do funil, você olha para 4 momentos do dia a dia — Streaming (assistindo), Scrolling (no feed), Searching (buscando) e Shopping (comprando) — e pergunta: em quais desses pontos eu consigo influenciar de verdade?
Você então dá nota para cada ponto com três critérios fáceis:
- Atenção (a pessoa realmente prestou atenção?),
- Relevância (minha mensagem resolveu a dor dela?),
- Confiança (a fonte/ambiente é crível?).
Com esse “placar”, você prioriza investimento, mensagem e formato nos momentos mais fortes.
Exemplo: se vídeos (Streaming) seguram atenção e a PDP (Shopping) converte bem, você investe em bons vídeos + PDP coerente, em vez de espalhar verba só porque um canal tem mais alcance.
Por que o funil falha?
O funil falha porque pressupõe uma jornada linear (topo–meio–fundo), enquanto as pessoas pulam entre vídeo, feed, busca e compra em zigue-zague. Ao planejar por “etapas”, acabamos premiando alcance e último clique, e não o que realmente influencia a decisão em cada momento. Isso uniformiza a mensagem, subestima pontos que criam convicção e leva a investir onde aparece mais, não onde mais muda o resultado.
Perceba que não estamos jogando fora o funil, apenas reconhecendo fragilidades. Ele ainda ajuda como “foto macro” de maturidade. O Mapa de Influência é a “câmera macro” da execução: mostra onde, quando e como mexer na agulha.
Confira a live, com participação do CRO & CIO da aunica, Ricardo Júnior, sobre o assunto:
O que são os 4S
Os 4S são quatro momentos de comportamento que acontecem em paralelo na jornada e se reforçam entre si: Streaming, Scrolling, Searching e Shopping. Em vez de olhar só para o “último clique”, o plano precisa enxergar todos — cada um cumpre um papel diferente na construção da decisão.
S (comportamento) | Papel na influência | Exemplos | Sinais/Proxies |
---|---|---|---|
Streaming (assistindo/ouvindo) | Educa e forma convicção | YouTube, CTV, podcasts, webinars | % de vídeo visto, watch time |
Scrolling (descobrindo no feed) | Gera interesse e prova social | Reels/Shorts/TikTok, LinkedIn | Click-to-PDP, saves, comentários |
Searching (intenção explícita) | Conecta dor à solução | Google, Amazon/marketplaces, busca interna | CTR por termo, share de cliques |
Shopping (decisão) | Reduz risco e converte | PDP/checkout/app, gôndola, demo/RFP (B2B) | Conversão, resgate, taxa de demo |
Como montar seu Mapa de Influências (passo a passo)
Antes de partir para o passo a passo, vale alinhar a lógica: vamos transformar jornadas soltas em um mapa claro de influência. A ideia é olhar para os 4S, medir onde a decisão realmente muda e, daí, executar um plano simples e focado no que move resultado.
1. Identifique de 2 a 4 jornadas que realmente movem receita
Comece definindo situações específicas nas quais o seu cliente decide. Quanto mais concreto o recorte, mais fácil produzir mensagens que soem inevitáveis e úteis.
Evite categorias genéricas (“skincare”, “B2B”) e descreva a ocasião + dor + contexto (“pele sensível no inverno”, “gerente de logística com perdas no freezer”). Esse recorte reduz ruído, direciona a pesquisa de termos e deixa claro quem você quer influenciar e em qual momento.
2. Mapeie onde cada S aparece em cada jornada
Liste, para cada jornada, os pontos de contato nos 4S:
- Streaming (assistindo/ouvindo);
- Scrolling (feed);
- Searching (busca);
- Shopping (decisão).
O objetivo é visualizar o caminho provável, sem impor ordem rígida. Assim, você enxerga onde educar, onde despertar interesse, onde capturar intenção e onde reduzir risco para fechar. Esse mapeamento revela lacunas (ex.: tem vídeo e PDP, mas falta resposta na busca) e excessos (ex.: muito feed com pouca utilidade).
Exemplos:
“Pele sensível”: Streaming = vídeo com dermato; Scrolling = UGC de rotina; Searching = “ceramidas”, “sem fragrância”; Shopping = PDP com comparador.
“Logística com freezer”: Streaming = webinar técnico; Scrolling = cortes no LinkedIn; Searching = “RFID freezer tags”, “compliance cold chain”; Shopping = página de demo com case.
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3. Classifique a influência (Alta/Média/Baixa) com ARC
Agora avalie cada ponto pelo trio Atenção, Relevância e Confiança (ARC). Pergunte:
- Este contato segura atenção (tempo/qualidade)?
- Responde à dor daquele momento?
- Vem de fonte confiável?
A soma prática desses três fatores indica o potencial real de mover a decisão. Pontos barulhentos (muito alcance) podem ter influência baixa; pontos discretos (pouco alcance) podem ser decisivos. Classificar por influência evita que a verba siga apenas o “volume” e direciona para o impacto.
Exemplos:
Alta: webinar com Q&A (atenção alta), tema de dor real (relevância), palestrante reconhecido (confiança).
Baixa: post genérico no feed com curtidas vazias (atenção baixa), fora de contexto (relevância baixa), perfil desconhecido (confiança baixa).
4. Defina métricas de influência adequadas a cada S
Escolha indicadores que reflitam o comportamento do ponto de contato, não só volume. Em Streaming, retenção e watch time mostram atenção qualificada.
Em Scrolling, observe cliques para PDP/landing, saves e comentários úteis (prova de interesse real). Em Searching, foque no share de cliques e no CTR por termo de dor. Em Shopping, acompanhe conversão/checkout, resgate de cupom ou request a demo/avanço no CRM (B2B).
Métrica certa por S acelera aprendizado e reduz desperdício.
Exemplos:
- Streaming: % de vídeo visto ≥50%.
- Searching: share de cliques na SERP; CTR de “melhor X para Y”.
- Shopping: CVR, taxa de demo, win rate.
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5. Monte um plano por jornada (não por canal isolado)
Transforme o mapa em execução integrando mensagem + formato + verba + destino para cada jornada. O objetivo é orquestrar os 4S: um vídeo que educa (Streaming) prepara o terreno para a resposta exata na busca (Searching), que recebe reforço social no feed (Scrolling) e desemboca em uma landing/PDP coerente (Shopping).
Ajuste criativos e páginas conforme a origem do tráfego para reduzir atrito e manter a promessa. Revise o plano quinzenalmente, realocando verba para os pontos de maior influência observada.
Confira um exemplo de plano a partir da jornada de “peles sensíveis”:
S (Comport.) | Objetivo do ponto | Mensagem-chave | Formatos/Canais | ARC (1–5) → Score | KPI principal | Ações prioritárias |
Streaming (assistindo) | Educar e criar convicção | “Barreira cutânea: como reparar sem irritar” | YouTube (8–10 min), Live curta, Podcast com dermato | A 4 / R 5 / C 5 → 14 | % vídeo visto ≥50%, buscas de marca | Série de 3 vídeos com dermato; roteiro com mitos/verdades; CTA para guia “pele sensível” |
Scrolling (feed) | Disparar interesse e prova social | “Antes/depois real + rotina de 3 passos” | Reels/Shorts/TikTok, Carrossel IG | A 3 / R 4 / C 4 → 11 | Click-to-PDP, saves, comentários qualificados | Brief para creators; 3 variações (rotina manhã/noite/viagem); sticker “ver produto” |
Searching (busca) | Capturar intenção quente | “Hidratante sem fragrância com ceramidas” | SEO (guia, comparativo), SEM (termos de dor) | A 4 / R 5 / C 4 → 13 | CTR por termo, share de cliques | Páginas “melhor X para Y”, FAQ por sintoma, schema FAQ; lista negativa + ad groups por ingrediente |
Shopping (decisão) | Reduzir risco e converter | “Seguro para pele sensível, testado e sem perfume” | PDP/PLP, Checkout, Pág. bundle sensível | A 4 / R 5 / C 5 → 14 | Conversão, add-to-cart, tempo em módulos | PDP com comparador, reviews filtráveis (“pele sensível”), selo dermatológico, política de troca clara |
Como medir “influência” de forma simples
Pense em: Influência = Alcance × (Atenção × Relevância × Confiança). Alcance sozinho pode enganar; qualidade do contato é o multiplicador.
Fator | O que observar | Exemplos de proxy |
Atenção | Tempo e profundidade | % visto, watch time, dwell time |
Relevância | Aderência à dor | CTR por termo; view→add/demo |
Confiança | Credibilidade percebida | Reviews/selos; tráfego de marca; plataforma |
Aplicação rápida:
- Dê score 1–5 por fator em cada ponto.
- Some e priorize os maiores para alocar orçamento.
Como utilizar IA na operação:
A IA pode ajudar a operar esse sistema. No criativo, gera variações alinhadas a cada S: uma versão curta e social-friendly para Scrolling; uma versão clara e objetiva para Searching; um gancho de autoridade para Streaming.
No orçamento, permite realocar verba de forma frequente para os pontos com melhor score de influência observado. Na produção, acelera cortes de vídeo, títulos, descrições e ajustes de landing sem sacrificar qualidade.
O ganho não é só de velocidade. É de adequação contextual. Mensagens certas em momentos certos criam uma experiência mais coerente e, por consequência, mais persuasiva.
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Roadmap de 90 dias (pronto para executar)
O roadmap em 3 blocos evita dispersão e acelera aprendizado: você começa pequeno (diagnostica onde a influência realmente acontece), transforma isso em planos por jornada com mensagens e destinos coerentes e, por fim, roda pilotos curtos para medir impacto e realocar verba para o que funciona.
Essa cadência quinzenal reduz desperdício, cria evidências rápidas e garante que cada ajuste seja guiado por atenção, relevância e confiança — não por achismo.
Semanas 1–3: Diagnóstico
- Escolha 2–4 jornadas que movem receita.
- Liste pontos por 4S e dê score de influência (atenção, relevância, confiança).
- Selecione 1–2 métricas principais por ponto.
Semanas 4–7: Plano por jornada
- Defina mensagens, formatos, verba e destino (landing/PDP) para cada jornada.
- Ajuste SEO/SEM para termos de dor e de marca.
- Prepare variações criativas por S.
Semanas 8–12: Execução e ajustes
- Rode pilotos usando IA para criativos e realocação quinzenal de verba.
- Acompanhe as métricas de influência e dobre a aposta no que funciona.
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Erros comuns no mapa de influências (e como ajustar)
Os tópicos abaixo reúnem os erros mais frequentes, explica por que atrapalham e indica como corrigir com ações objetivas. Você pode utilizá-la também como um guia rápido de auditoria:
Planejar por canal, não por jornada
Quando o planejamento nasce do canal (ex.: “campanha para Instagram/Google/YouTube”), a mensagem fica fragmentada e cada peça “puxa” para um lado. O conserto é inverter a lógica: comece pela jornada e monte packs por 4S (Streaming, Scrolling, Searching, Shopping) com mensagem, formato, verba e destino que se reforçam. Assim, cada ponto prepara o próximo e a influência soma.
Medir só alcance
Alcance alto com pouca Atenção, Relevância e Confiança é barulho caro. Avalie cada ponto com um score simples (ARC) e priorize verba onde a combinação é mais forte. Na prática, troque “quantos viram” por “quanto esse contato moveu a decisão”: watch time no vídeo, share de cliques na busca, click-to-PDP no feed, conversão/solicitação de demo no destino.
Uma mensagem para todos os contextos
Falar igual para quem está scrollando e para quem está buscando dilui a persuasão. Adapte o criativo ao contexto do S: curto e social-proof no Scrolling, objetivo e comparativo no Searching, profundo e educativo no Streaming. Essa variação mantém a promessa consistente, mas fala a língua de cada momento.
Landing/PDP genérica que quebra a promessa
Se a página de destino não “conversa” com o anúncio, a confiança cai e a conversão também. Garanta coesão: quem veio do vídeo encontra prova/explicação; quem veio da busca encontra comparativos e respostas diretas; quem veio do feed vê depoimentos e antes/depois. PDP/landing coerente com a origem reduz atrito e fecha o ciclo de influência.
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